Todos nós temos acompanhado o desastre que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. O cenário inimaginável de mortes e destruição de cidades inteiras, a devastação do campo, a interrupção da vida de milhares de pessoas que perderam suas casas e o que compunha sua história nos impressionam e comovem. Diante deste fato, vemos pessoas se mobilizando em todo o país para ajudar.
Grupos de amigos, colegas de trabalho, estudantes, entidades civis, igrejas e voluntários de todas as regiões colocaram-se em ação para socorrer as necessidades imediatas e arrecadar fundos para a reconstrução. Governos de diferentes matizes ideológicas iniciaram ações coordenadas com o mesmo objetivo, enquanto o Senado e a Câmara moveram-se para eliminar os entraves burocráticos para a liberação de recursos públicos.
Este fato revela não apenas a generosidade do povo brasileiro, mas expressa nossa natureza. O ser humano é um ser relacional e sua realização acontece ao lado de outras pessoas. A realidade demonstra que, através de relações concretas, a ideologia pode ser vencida e o trabalho colaborativo pode ganhar espaço.
Há, portanto, uma via a seguir: um caminho político que parte das possibilidades reais de atuação e não de posições ideológicas e que, por esta razão, permite o diálogo e colaboração entre pessoas ou grupos com posturas políticas diferentes, dando origem a relações sólidas, capazes de vencer nosso atual ceticismo e polarização.
É preciso, portanto, sair do universo da “pequena política” em que vivemos e como afirma o Papa “privilegiar as ações que geram novos dinamismos na sociedade e comprometem outras pessoas e grupos, que os desenvolverão até frutificar em acontecimentos históricos importantes”, “sem a obsessão pelos resultados imediatos, suportando com paciência, situações difíceis e hostis ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe” (Evangelii Gaudium, 223).
Trabalhar para implantar uma sociedade mais justa é um ideal que não podemos abandonar. Sabemos que nossa esperança não nasce de uma ideia ou de um projeto político a ser implementado por um líder, mas temos a responsabilidade pessoal de fazer parte deste movimento.
Nesse sentido, gostaríamos de propor um trabalho para todas as comunidades e lançar duas perguntas para serem trabalhadas individualmente e/ou em grupo:
· Aconteceu na sua vida pessoal ou comunitária uma experiência de partilha ou diálogo com pessoas com posições diferentes da sua? Em que circunstâncias?
· Como esse diálogo foi gerador de esperança e impactou positivamente a construção política e social da realidade, superando polarizações e divisões?
Pedimos que nos enviem, até dia 16/06, para o e-mail contato@cdo.org.br, seus testemunhos escritos para que sejam a base de um caminho educativo que faremos juntos sobre o tema da política.
Companhia das Obras – Brasil | www.cdo.org.br | contato@cdo.org.br
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